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Ninhos de tartarugas atingidos e barracas destruídas: maré alta causa transtornos no litoral do RN

Fato aconteceu durante o fim de semana em praias do litoral Norte do Estado. Especialista explicou que esse tipo de maré ocorre por conta das fases da lua. Ma...

Ninhos de tartarugas atingidos e barracas destruídas: maré alta causa transtornos no litoral do RN
Ninhos de tartarugas atingidos e barracas destruídas: maré alta causa transtornos no litoral do RN (Foto: Reprodução)

Fato aconteceu durante o fim de semana em praias do litoral Norte do Estado. Especialista explicou que esse tipo de maré ocorre por conta das fases da lua. Maré alta destrói barracas no litoral potiguar A maré alta causou transtornos no litoral do Rio Grande do Norte neste fim de semana. A força da água do mar foi registrada em pelo menos três praias do litoral Norte: em Barra de Maxaranguape e Maracajaú, no município de Maxaranguape, e na praia de Muriú, em Ceará-Mirim. Vídeos registrados por moradores e trabalhadores da região mostraram a força das ondas e o trabalho para diminuir os prejuízos (veja os vídeos desta reportagem). 📳Participe do canal do g1 RN no WhatsApp As ondas chegaram a avançar mais de 2 metros no fim de semana no litoral Norte do RN, segundo a tábua de marés da Marinha do Brasil. Barracas foram invadidas pela água e pelo menos 30 ninhos de tartaruga foram atingidos (veja detalhes mais abaixo). De acordo com o biólogo Guilherme Longo, do Departamento de Oceanografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), essas marés ocorrem por conta das fases da lua, que geram marés muito baixas ou muito altas. "Também pode ter a ver com aumento do vento e ondulação", explicou à Inter TV Cabugi. Segundo o biólogo, essas marés não têm relação com as atividades sísmicas registradas a cerca de 1 mil km de distância do litoral do RN nos últimos dias. Guilherme Longo apontou ainda a necessidade de se criar um plano de ocupação da zona costeira. "Importante destacar que um problema grande é que a gente tende a ocupar áreas muito próximas às praias, o que realmente aumenta a chance de ter esse tipo de problema. Por isso que um plano de ocupação da zona a costeira é tão importante. Para evitar esse tipo de acontecimento", explicou. Água invadiu barraca em Muriu, no ltoral do Rio Grande do Norte Cedida Barracas atingidas em Maxaranguape O mar avançou neste fim de semana e destruiu barracas na orla de Barra de Maxaranguape. A maré foi mais alta por volta das 4h e das 16h, com correntezas muito fortes, de acordo com a tábua de marés da Marinha do Brasil. O coeficiente de marés, segundo a Marinha, atingiu 114, número que é classificado como muito alto. Segundo a Marinha, com esse coeficiente elevado, grandes marés e correntezas notórias são esperadas. O comerciante Guilherme Bozó, que tem uma barraca no local, citou que nunca tinha visto uma maré dessa forma. "Tudo muda pela força da lua. Mas essa foi demais, ninguém tinha visto uma dessa aqui não", disse. A secretária adjunta de Meio Ambiente de Maxaranguape, Cecília Veríssimo, explicou que o município tem ações sociais para auxiliar os barraqueiros afetados pela maré alta. "A prefeitura se disponibiliza para ajudar toda e qualquer família que passa parte da nossa do nosso Município, da nossa comunidade, inclusive nesse caso específico", disse. A secretária adjunta disse ainda que alguns pontos que foram atingidos - tanto barracas, como construções fixas - estão em lugares indevidos. "A cada ano a gente vem observando que o avanço do mar vem sendo cada vez maior. Ou seja, a gente percebe que tem a cada ano a questão das falésias, estão cada vez mais sendo impactadas e consequentemente as edificações que estão em lugares indevidos também vão sofrer os danos causados", disse. "Por isso que a gente pede à população sempre que não construa nessas áreas, porque são áreas vulneráveis e a gente não tem como conter a questão da natureza", completou. Mar avança e destrói barracas na orla de Maxaranguape (RN) Mar avança e destrói barracas na orla de Maxaranguape (RN) Sérgio Henrique Santos/Inter TV Ondas alagam barraca em Muriú A força da água registrada invadindo uma barraca em Muriú, na cidade de Ceará-Mirim, chamou a atenção nas redes sociais. O caso aconteceu na barraca Estrela de Davi no fim de semana (veja vídeo mais abaixo). Segundo os responsáveis pela barraca, dois guardas-sóis se quebraram ao serem atingidos pela maré. Nenhum outro equipamento, no entanto, foi afetado. Eles contaram que a maré começou a encher na quinta-feira e que desde sexta até domingo as ondas ficaram mais altas. "Na sexta e no sábado foi mais durante a tardezinha, não tinha quase ninguém na barraca", contou Nininha, que toma conta do local com o marido, conhecido como Pateta. A onda que danificou os guarda-sóis ocorreu na sexta-feira. "Meu esposo fez uma barreira na frente da barraca, para não entrar mais, colocou umas caixas de isopor. Aí não entrou", disse. Em algumas ondas, parte da barraca ficou completamente alagada. Os dois são responsáveis pelo ponto comercial há três anos. "Nunca tinha acontecido por aqui. Tem ondas grandes, sempre tem, mas pra entrar na barraca nunca tinha acontecido", disse Nininha. Barraca atingida pela maré alta na praia de Muriú, no RN Ninhos de tartarugas atingidos O avanço do mar registrado nesse fim de semana em Maxaranguape também levou ninhos de tartarugas, além de bandeiras e estacas usadas para sinalizar esses ninhos. O projeto Tartarugas ao Mar, que monitora a área, informou que pelo menos 30 ninhos foram levados pelo mar. Além disso, outros foram soterrados e, com o acréscimo de areia em cima do ninho, o desenvolvimento dos filhotes foi interrompido. “É triste demais, um trabalho árduo que em um único dia é destruído. Desde 2018 não temos uma perda tão grande”, disse Isadora Barreto, coordenadora do projeto. Atualmente, o Projeto Tartarugas ao Mar monitora mais de 180 ninhos de tartarugas marinhas distribuídos pelas praias dos municípios de Maxaranguape, Ceará-Mirim, Parnamirim e Nísia Floresta. O trabalho realizado pelo projeto é voluntário e envolve um rigoroso monitoramento noturno e diurno nas praias, garantindo uma cobertura abrangente para a proteção das tartarugas marinhas. "Nesse avanço da maré perdemos várias estacas e bandeiras usadas pra sinalizar os ninhos. Então além da perda ambiental, temos um prejuízo financeiro pro projeto que é mantido por meio de doações”, disse Isadora Barreto. Ninhos de tartarugas são levados pelo avanço do mar em Maxaranguape Vaniérika Oliveira/Cedida Vídeos mais assistidos do g1 RN